Campanha Dezembro Vermelho 2018 [AQUI TUDO SOBRE]
‘Quem não é visto não é lembrado’
Uma doença ainda sem cura não pode ser esquecida. A AIDS jamais será vencida se não houver entendimento e conscientização. É para isso que existem datas para lembrar e a Campanha Dezembro Vermelho nasceu justamente para combater, prevenir e informar que a AIDS ainda é um perigo real.
As campanhas ratificam a luta de milhares de pessoas contra as injustiças, a desigualdade e o preconceito, que lamentavelmente é visível aos olhos e ao coração de quem é portador do vírus HIV.
Lembrar também através da Campanha Dezembro Vermelho que as políticas públicas não podem ser deixadas de lado, num tema tão palpitante e devastador quanto a AIDS para a saúde pública.
A Assembléia Mundial da Saúde e a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1987 estipularam o 1º de dezembro como sendo o Dia Internacional da Luta contra a AIDS.
Campanha Dezembro Vermelho Tem a Cor da Paixão
Conteúdo Desta Publicação
- 1 Campanha Dezembro Vermelho Tem a Cor da Paixão
- 2 Uma Campanha Tem Que Transcender a Data
- 3 Campanha Nacional de Prevenção ao HIV / AIDS
- 4 A AIDS Tem História Para Contar
- 5 Necessidade da Campanha Dezembro Vermelho
- 6 Mulheres, as Maiores Vítimas da AIDS
- 7 Superação Faz Parte da Rotina de Mulheres Portadoras de HIV
- 8 Campanha Dezembro Vermelho (Vídeo)

Campanha Dezembro Vermelho 2018
Mesmo não sendo uma sentença de morte, ao se receber o diagnóstico: ‘Você está com AIDS’, parece que a vida dá uma tapa de mão cheia na sua cara. E a pergunta é inevitável – ‘E agora, José?’
Os tratamentos estão aí. Embora a ciência se empenhe em trazer qualidade aos remédios, a solução da cura não chegou ainda. Por este motivo qualquer campanha de conscientização não pode ser esquecida.
Se a data for esquecida, a campanha de conscientização através do símbolo de uma fita vermelha cruzada já ’imprintou’ (imprinting = substantivo da língua inglesa que significa marca, cunho) sua alma.
Vermelho é a cor do sangue e da grande paixão e respeito que devemos ter à vida. Até porque a AIDS é transmitida justamente pelo sangue, esse vermelho que nos dá a certeza de que estamos vivos.
Uma Campanha Tem Que Transcender a Data
De dezembro a dezembro, a bandeira da AIDS deve ser lembrada. Pelo perigo, pela prevenção, pelo cuidado com o outro seja no mês de dezembro ou em qualquer época do ano, temos a obrigação moral e ética de divulgarmos informações úteis sobre a doença.
Seja no seio familiar, no bairro, na comunidade ou no grupo de amigos, o importante é conversar com os outros sobre o assunto. Coloque no peito essa fitinha vermelha para lembrar que você se importa com o outro e que combate de forma veemente uma nova epidemia de AIDS no Brasil e no mundo.
Como disse o sociólogo Herbert de Souza, o famoso ativista Betinho: ‘A AIDS não é mortal. Mortal somos todos nós.’ Fundador da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA, entidade que viraria à época, referência na luta por maior controle dos bancos de sangue e contra a discriminação.
Campanha Nacional de Prevenção ao HIV / AIDS
Aprovada pelo Senado Federal foi criada em 7 de novembro de 2017 a Lei 13.504 que instituiu a Campanha nacional de Prevenção ao HIV / AIDS e outras DST’s — Doenças Sexualmente Transmissíveis (Campanha Dezembro Vermelho).
A campanha tem foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/AIDS.
Não se pode dizer que quem tem HIV terá AIDS, mas com certeza quem tem AIDS tem HIV. Até porque a doença caminha calada, em surdina, na moita, sem que ninguém veja, nem você. Até que um belo dia a AIDS afronta a sua vontade de viver.
As ações de qualquer campanha sempre estão interligadas entre o poder público, sociedade civil, organismos internacionais e grupos ou pessoas que fazem desse enfrentamento uma consciência solidária de amor ao próximo.
Seja através de relações sexuais, agulhas ou de mãe para filho na gestação, a AIDS pode ser transmitida. As estatísticas apesar de terem apresentado uma queda no número de casos, até foi visto com uma certa esperança. Mas nos últimos anos os casos voltaram a aumentar.
E, o que é pior, tem gente que pensa assim: Ah! Tem remédio, se eu pegar é só tomar o coquetel’. É um pensamento irresponsável, descabido, mas real. Somente através da informação de uma campanha permanente que se pode combater tamanha leviandade.
Somente quem já se viu num leito de hospital, à beira da morte quer ver um dia essa cura chegar. Clama para que a ciência possa descobrir a passos largos um medicamento que promova a cura definitiva dessa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS.
A AIDS Tem História Para Contar
Em dezembro de 1977 morria a médica e pesquisadora dinamarquesa Margrethe Rask que havia estado numa missão na áfrica, em pesquisa sobre o Ebola, por complicações desconhecidas e misteriosas. Tudo indica teria sido este o primeiro caso de óbito pela AIDS;
Em 1982 aparecem os primeiros casos de AIDS no Brasil. Já em 1983 o pânico tornou-se mundial e, por falta de conhecimento, achavam que a doença poderia ser transmitida pelo ar, pelo abraço, pelo carinho, pelo beijo e no uso comum dos utensílios domésticos e roupa de cama.
Em 1986 chegam as primeiras experiências com o uso do AZT que foi inicialmente desenvolvido para combater o câncer. Como foi ineficaz para tal fim, tornou-se a principal arma contra o vírus HIV.
Em 1987 quando a Princesa Diana abriu o primeiro hospital especializado em tratamento da AIDS na Inglaterra, ela apareceu apertando a mão de pessoas infectadas sem luvas. Fez mudar atitudes preconceituosas que já dominavam no mundo.
Necessidade da Campanha Dezembro Vermelho
Em 1988 foi instituído o dia 1º de dezembro como o Dia Internacional da Luta contra a AIDS.
Em 1994 surge um novo grupo de drogas para o tratamento da infecção. Essas drogas demonstraram potente efeito antiviral isoladamente ou em associação com drogas do grupo do AZT, o renomado ‘coquetel’.
Em 1997 os números mundiais de AIDS estavam piores do que o esperado. Registrou-se mais de 30 milhões de pessoas vivendo com HIV / AIDS e 16 mil infecções por dia.
Em 1999 o Dia Mundial da AIDS teve como tema ‘Você Pode Fazer um Mundo Melhor’ e surtiu efeito.
Mulheres, as Maiores Vítimas da AIDS
Em 2000 os casos da doença começam a aumentar entre as mulheres.
Em 2007 o Programa DST / AIDS institui o banco de dados de violações dos direitos das pessoas portadoras do HIV. Os casos de infecções pelo HIV chegam num patamar alarmante: quase meio milhão.
Em 2010 é lançada a pesquisa sobre Comportamento, Atitudes e Práticas relacionadas às DST e AIDS da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade. É lançada a campanha de carnaval de combate a AIDS e a distribuição de preservativos.
Em 2011 o Brasil anuncia a produção nacional de 2 novos medicamentos para a AIDS – Atazanavir e Rategravir, Tenofovir.
Em 2012 ocorre a campanha do tipo ‘Não fique na Dúvida, fique Sabendo’ com a visibilidade de cenas reais da vida e reforça o diagnóstico precoce do HIV para controle da doença.
Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU o mundo em 2016 tinha quase 40 milhões de pessoas infectadas pelo HIV, sendo que aproximadamente 20 milhões com acesso aos tratamentos.
Desde o início da epidemia na década de 80 a AIDS já provocou a morte de mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas os esforços de combate à doença são como uma centelha de esperança por um novo dia.
2018 – Quem tem AIDS tem pressa! Quem tem coração cuida!
‘Se a doença pode ser um caminho, o preconceito e o descaso passam a ser o descaminho para a cura.’
Superação Faz Parte da Rotina de Mulheres Portadoras de HIV
Ultrapassando o Vírus. A Hipocrisia e os Preconceitos
Depoimento Baseado em Fatos Reais
Há um tempinho atrás vi-me limpando uma caneta oferecida por um vendedor magrinho e com feições esquálidas, que dava perfeitamente a impressão de que estava muito doente.
E ele dizia assim: -Dá pra me ajudar? Tenho AIDS e preciso me alimentar, ”to” com fome! Pode comprar uma caneta?
Estávamos no Amarelinho, famoso bar aqui da Cinelândia no Rio de Janeiro, enquanto eu tomava uns chopes com amigos.
Limpando o quê? A minha hipocrisia aparecia enrustida por limpar um simples objeto que, no meu conceito medíocre e temporário (ainda bem), poderia estar infectado pelo homem que a estendia para mim.
Este gesto marcou-me porque sabia que algo de errado havia feito naquele momento de aparente descontração.
Na verdade não dei muita bola: continuei tomando meus chopes e levando a vida entre o trabalho, os filhos e os momentos de lazer.
Algum tempo depois, vi-me num leito de hospital, morrendo em consequência do HIV, e aí me lembrei muito daquele vendedor de canetas.
Senti na pele, dentro do próprio hospital, o preconceito e a hipocrisia. Convivi num mundo que não podia acreditar que existisse e, de fato, existia.
De repente, ouvi de uma mãe sofrida por ver seu filho infectado e internado no mesmo hospital em que estava a desabafar:
– Seria melhor que ele tivesse câncer. Como vou explicar aos outros que ele está com AIDS?
Lembrei-me do rapaz franzino, esquálido, amarelo, cuja caneta oferecida limpei no guardanapo, e vi-me enredada num sentimento sinistro de culpa por me defrontar de modo cruel com meus próprios preconceitos.
De repente, o sentimento que dediquei ao rapaz doente, vendedor de canetas, passou a ser parte da minha rotina de vida.
Senti-me esquecida e evitada por muitas pessoas – excetuando, é lógico, meus filhos amorosos, meus amigos inigualáveis e os compreensivos, meigos, dedicados e médicos competentes que me atenderam – cumprindo notar também que me voltei inteiramente para Deus, tentando me consolar de tanta desdita.
Na verdade, soube, na prática que nos momentos de dor e desespero encontramos Nele o colo amigo, que nos faz renascer do limbo e de que não se esquece jamais.
Como também não me esqueço daquele vendedor de canetas, franzino e doente, porquanto agora faço parte do seu mundo…
“Se a doença pode ser um caminho, o preconceito e o descaso passam a ser o descaminho para a cura.”
Itamarcia Moreira Marçal
Sobrevivente por amor à vida, aos filhos, aos sonhos e aos amigos
Campanha Dezembro Vermelho (Vídeo)
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